A perspectiva de uma vitória de Donald Trump na disputa presidencial americana contra a vice-presidente Kamala Harris alimenta o otimismo da direita brasileira, com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados próximos enxergando a eleição do republicano como um ponto decisivo para a política conservadora no Brasil. Bolsonaro, em um vídeo divulgado no domingo, 3 de novembro, declarou que a “volta de Trump é a certeza de um mundo melhor” e vê nessa possível reeleição do republicano um impulso para a corrida presidencial brasileira de 2026.
O apoio de Bolsonaro a Trump não é apenas pessoal; reflete a convergência de pautas conservadoras, incluindo críticas ao globalismo e ao ativismo judicial. Para a oposição ao governo Lula, a esperança de uma nova direita no comando da Casa Branca reforça a expectativa de um apoio internacional às suas pautas, especialmente no combate ao que consideram ser uma excessiva intervenção judicial em decisões de caráter político e administrativo.
Conservadores brasileiros veem, ainda, uma conexão estratégica entre a eleição de Trump e a ascensão de líderes de direita ao redor do mundo. Com a recente eleição de Javier Milei na Argentina, o sucesso de Trump na maior economia mundial poderia representar uma “onda global” de fortalecimento do conservadorismo, influenciando diretamente a América Latina.
Para parlamentares e lideranças de direita, a vitória de Trump criaria um ambiente favorável para combater a agenda de seus rivais internos e fortalecer a influência da direita no cenário nacional. Uma relação entre Trump e Lula, marcada por diferenças ideológicas, poderia gerar episódios de tensão que, na visão dos conservadores, evidenciariam as falhas do governo petista.
Análise: A vitória de Trump como catalisador para a direita brasileira
A possibilidade de Donald Trump retomar a presidência dos EUA representa, para a direita brasileira, mais do que um alinhamento político; é uma esperança de renovação do conservadorismo a nível global. A vitória de Trump seria vista, por analistas de direita, como um catalisador para o fortalecimento das pautas conservadoras no Brasil, especialmente em um momento onde as lideranças desse espectro político enfrentam dificuldades para frear o ativismo judicial e a expansão do Estado em áreas onde os conservadores preferem maior autonomia individual.
Essa afinidade com Trump não se limita a Bolsonaro e seus aliados: setores amplos do conservadorismo brasileiro consideram que o retorno de Trump ao poder traria uma nova dinâmica para a relação Brasil-EUA, que passaria a dar respaldo internacional a agendas em prol da liberdade econômica, da restrição ao poder do Judiciário e da defesa dos valores tradicionais. Em um cenário onde o globalismo é visto com desconfiança por parte significativa da direita, o retorno de Trump aparece como uma promessa de uma política mais próxima das bases culturais e econômicas do conservadorismo.
O fenômeno Trump é percebido, ainda, como uma ferramenta para impulsionar o conservadorismo nas Américas. A recente eleição de Javier Milei na Argentina traz um impulso adicional à esperança de uma direita revitalizada e coesa na América Latina, promovendo, assim, uma “onda conservadora” que pode pressionar os governos da região, incluindo o de Lula, a reavaliar suas próprias posturas.
Para os conservadores, Trump representa a resistência contra um Estado intervencionista e a defesa de uma liberdade mais ampla, características que muitos acreditam serem necessárias no Brasil atual. A vitória do republicano, então, não seria apenas uma questão de afinidade ideológica, mas sim uma reafirmação do próprio movimento conservador, que vê nessa vitória um reflexo de suas próprias aspirações para o futuro.