Pacheco indica que votação da PEC da autonomia financeira do Banco Central deve ficar para 2025

Pacheco indica que votação da PEC da autonomia financeira do Banco Central deve ficar para 2025

O presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), anunciou nesta terça-feira, 5 de novembro, que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 65/2023, que visa conferir maior autonomia financeira ao Banco Central (BC), provavelmente será votada apenas em 2025. Atualmente, o texto da PEC está aguardando apreciação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), presidida pelo senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).

Em conversa com jornalistas, Pacheco expressou dúvidas quanto à possibilidade de concluir a análise da proposta até o fim do ano. “Eu acredito ser difícil esgotar esse tema até o final do ano”, afirmou.

O presidente do Senado explicou que o debate ainda está em andamento e que há ponderações sobre o texto, deixando a decisão de quando pautar a PEC na CCJ a cargo de Alcolumbre. “Meu papel como presidente do Senado é, se a proposta for apreciada e aprovada na CCJ, definir se ela será levada ao plenário para votação”, declarou.

A PEC em questão propõe uma autonomia ampla para o Banco Central, alterando seu status jurídico. Embora inicialmente a proposta considerasse transformá-lo em uma empresa pública, o relator optou por sugerir uma nova categoria jurídica específica para o BC. O texto da PEC propõe que o BC tenha autonomia em áreas como gestão administrativa, contabilidade, orçamento, finanças, operações e patrimônio, mas sob a supervisão do Congresso Nacional. Além disso, a proposta confere ao Banco Central poder de polícia, com autoridade de regulação, supervisão e resolução.

Em paralelo, Pacheco manifestou apoio a medidas de contenção de gastos pelo governo federal, embora tenha enfatizado a necessidade de proteger os direitos dos servidores públicos.


Análise: A autonomia do Banco Central e os desafios do Congresso na definição de um novo regime

A declaração de Rodrigo Pacheco sobre o adiamento da votação da PEC da autonomia financeira do Banco Central evidencia as dificuldades e complexidades do tema. Em uma perspectiva conservadora, a proposta de dotar o BC de maior autonomia, incluindo poderes de polícia, traz à tona uma questão importante para a estabilidade econômica e a independência de uma instituição que é fundamental para a economia brasileira.

Para muitos à direita, a autonomia do Banco Central representa um avanço necessário para evitar interferências políticas nas decisões econômicas, um problema que historicamente impactou a credibilidade e a eficácia da política monetária do país. O Banco Central, ao ter maior independência em sua gestão financeira e operacional, estaria melhor posicionado para conter a inflação, proteger o poder de compra dos brasileiros e fomentar um ambiente de negócios mais seguro.

No entanto, o adiamento da votação para 2025 levanta preocupações sobre a capacidade do Congresso de levar adiante reformas estruturais essenciais. Essa demora é vista por alguns analistas como um reflexo de um Congresso que, muitas vezes, parece hesitante em realizar mudanças que possam desagradar determinados setores políticos.

A transformação do Banco Central em uma instituição com maior autonomia é mais do que uma questão administrativa; é uma tentativa de garantir que o BC atue com foco exclusivo na estabilidade financeira do país, protegendo-o de influências políticas de curto prazo. A supervisão pelo Congresso Nacional, prevista na PEC, seria um contrapeso importante, mas sua eficácia dependeria da seriedade com que essa função fosse exercida, sem comprometer a independência do banco.

Em suma, o andamento lento dessa proposta aponta para a necessidade de um Congresso mais comprometido com reformas de longo prazo, capazes de beneficiar a economia e o país como um todo, evitando que decisões cruciais sejam postergadas em nome de interesses políticos momentâneos.

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